O cantor Jota 3 lança o álbum “Amplificado por Digitaldubs”, com direção artística e mixagem de Marcus MPC, do tradicional sound system carioca, e participações pra lá de especiais de BNegão, da dupla de baixo e bateria jamaicana Sly and Robbie, do cantor Jeru Banto e dos produtores Twilight Circus (Canadá), G.Corp e Reality Shock (UK). O disco fala de resistência, amor e consciência, passeando por várias vertentes da música jamaicana, como reggae roots, rocksteady, dub, lovers rock e dancehall.
“Revolução é um dos temas centrais desse disco, uma militância que faz parte das raízes do reggae, a luta do cidadão comum. É um chamado para resistir às armadilhas do sistema, mas também promover uma transformação interior." resume o artista, retratado na capa, entre as caixas de som do sound system do Digitaldubs, na ilustração assinada pelos artistas mexicanos Gran OM & El Dante, com uma linguagem gráfica que faz referências aos revolucionários zapatistas. “A capa mostra os bailes e o sound system, tocando alto as músicas, divulgando o artista, e também como o Digitaldubs funcionou como um catalizador e impulsionador do trabalho”, explica o diretor artístico Marcus MPC.
A capa do disco, assinada pela dupla de artistas mexicanos Gran OM & El Dante
O processo de criação contou com muitos produtores, e passou por vários estúdios entre Rio de Janeiro, Barcelona, Birmingham, Kingston e Vitória. Todo o trabalho teve direção artística do Digitaldubs, que também criou alguns dos instrumentais e mixou todas músicas, dando uma unidade estética e conceitual ao disco.
A música que abre o disco, “Tempo de revolução”, teve o instrumental produzido pelo canadense Ryan Moore, mais conhecido como Twilight Circus, que tocou baixo, guitarra e teclado e deixou a bateria nas mãos do lendário músico jamaicano Sly Dunbar. No Rio, foram acrescentados cuíca e outros elementos de percussão que dão um toque brasileiro. Essa música ganhou clipe com imagens cedidas pela Mídia Ninja, mostrando diversas manifestações por todo Brasil, dos movimentos feminista, da Juventude Negra, das periferias, do MST e da Marcha da maconha.”É tempo de revolução no centro / É tempo de revolução no gueto/ Mais um brasileiro lutando por seu direito/ Exigindo ser tratado com respeito”, diz o refrão.
“Flores e Ervas”, parceria com BNegão, tem um clima mais enfumaçado, com o instrumental pesado e chapado do Digitaldubs. É um sutil hino anti-proibição da erva que “perfuma o ambiente / tem efeito natural”. “Positivo e Operante” nos leva à Jamaica dos anos 70, em mais uma produção do Twilight Circus com participação do baterista Sly, mas dessa vez junto do parceiro e baixista Robbie Shakespear e do veterano guitarrista Chinna Smith. Essa base foi gravada em Kingston, Jamaica, ao vivo e sem edições, e teve voz e percussão adicionadas no Brasil. Pra quem não conhece, Sly and Robbie participaram de algumas das gravações mais importantes da história do reggae, além de terem acompanhado Peter Tosh, Grace Jones, Serge Gainsbourg, Sinéad O'Connor e Rolling Stones, só pra citar alguns.
“Me diz quem ganha” traz uma sonoridade vintage, influenciada pelo ska e pelo rocksteady, ritmos jamaicanos precursores do reggae. A letra discute a violência, policial e contra a mulher, e o preconceito racial. “Raiou” é um reggae roots que mostra o lado mais solar do álbum, enquanto “Essa eu fiz pra você” é uma canção romântica, um legítimo lovers rock, inspirado nos clássicos de Gregory Isaacs, Sugar Minott e Dennis Brown.
“Balada do Justiceiro” critica a justiça com as próprias mãos, à partir do choque com casos que aconteceram no Rio de Janeiro: “Cuidado com quem / se diz um homem de bem”, avisa a letra. “Favela Raggamuffin” é a música dançante do disco, tem instrumental criado pelo coletivo inglês Reality Shock. A letra, metade em inglês, metade em português, faz um link entre as favelas da Jamaica e as do Brasil. “Porque eles não sabem” é parceria com Jeru Banto, voz conhecida de outros discos do Digitaldubs.
O disco ainda traz um bonus track, "Não corte seus dreadlocks", originalmente lançada em 2013, produzida e gravada pelos ingleses do G.Corp, que já assinaram produções de UB40 e Overproof Sound System.
Ouça:
Fotos: J. Vitorino
Jota 3 lança novo disco, falando sobre revolução, dirigido pelo carioca Digitaldubs
Reviewed by VI$H MEDIA
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10 dezembro
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