Rafael Valente (ou Valente, como ficou mais notório), é um rapper brasileiro da Zona Norte de São Paulo.
O início
Valente iniciou sua carreira musical de espécime independente, buscando depender o mínimo do próximo, mesmo que isso seja quase impossível. Dropou EPs e singles díspares, e o mundo notou isso. Logo que começou a postar no YouTube, a repercussão pelas redes sociais foi afável.
Um rapaz de pele branca, cantando sobre a quebrada, soava mal na época, se não soa até os dias atuais. Mas, ele engoliu esse tabu, adentrou no ramo do rap e não parou mais, dropando músicas e projetos de modo exponencial. Ele sempre trabalhou suas letras abordando temáticas retratando a visão realista ao invés de ilusória, porém, concomitantemente, caótica e transgressiva, sobre o cotidiano da periferia, juntando o acrescentamento de graves e agudos de qualidade.
Em 18 de setembro de 2013 foi postado no YouTube, que viria a ser seu primeiro milhão de notificações, no videoclipe "O Pico", com participações da B.L.U.N.T. e do Costa Gold.
Em 9 de dezembro do mesmo ano, o videoclipe "A Bandida" viria a ser o segundo milhão de acessos.
Curiosidade trouxe autenticidade
Mergulhando nas pesquisas sobre ritmos e variações musicais fora do rap, como MPB, jazz e blues, ele buscou incorporar e edificar suas próprias técnicas de flow (jeito de cantar).
Seu trabalho se destaca pela sede na busca da criatividade – cuja fez dele uma vertente nova dentro do cenário nacional –, e pelo seu envolvimento com a música negra.
Em suas apresentações, a presença de palco contagia quem presenceia as perfomances díspares. A bateria eletrônica torna exacerbada a parceria com um DJ, que potencializa todos os instrumentais.
Com toda esse ardor pela autenticidade, Valente começou a ter o apoio de vários grandes nomes precursores do rap nacional juntamente com a sua banca, "A4DRILHA", que vem trazendo o que podemos chamar de "Nova Era" musical por aqui.
2015–presente: Saeculum e Vermelho
Em 04 de dezembro de 2015 foi a vez de Valente dropar no mundo seu primeiro e interessante álbum, 'Saeculum', que significa "Nova Era", no latim. Composto por 17 faixas, teve participações de B.L.U.N.T, Kafé, Cacife Clandestino, Start Rap, Costa Gold, A Banca 021 e Zero19.
Ele foi o primeiro rapper a disponibilizar projetos na vertente trap no Brasil. Nele, Valente posiciona seu trabalho justamente como a new age do rap e ocupa seu lugar no cenário da música mundial como "aquele que trouxe o trap cantado para o Brasil" – uma mesclagem de rap com a música eletrônica, de forma cadenciada.
Decerto, o trap tem como proposta usar misturas rítmicas para capturar e levar o público direto para as profundezas da cultura underground.
'Saeculum' traz, além de toda a mística musical que naturalmente envolve o trap, letras com rimas fortes, contundentes, enfatizando seu estilo ímpar de pensar, ser, agir, falar da agressividade das ruas... Uma lírica esporádica, de tão intrínseca.
Com este álbum, ele [Valente] envolve seu jovem público como "o grito aos que não foram ouvidos", enfatizando uma forma pura de expressar sua indignação com tais fatos, sem neurose, e com aquela pegada das produções independentes – uma verdadeira arapuca para a sociedade elitista e exclusivista.
Em 16 de janeiro de 2017, em uma atmosfera de busca de imersão nos próprios sentimentos e novas ideias a respeito de si mesmo e do mundo, veio sem um pseudônimo... um trabalho autoral, totalmente independente, intitulado 'Vermelho'. Composto por 14 faixas, teve produções de LR Beats, Pedro Soffiatti, GU$T, Kitone e Vibox. Foi um projeto extremamente particular, sem uma participação no microfone sequer.
— 'Vermelho' é como um personagem caricato, o lado sujo, caótico, pesado, agressivo, obscuro e de certa forma, insano do Valente. Assim, o Valente encontra no Trap a forma exata para extravasar tudo o que sente, sem medo de repressão — comentou Rafael.
Rafael volta, então, às suas origens dos motivos que o levaram a escrever suas rimas, com tudo o que o rodeava no início de tudo. E agora, acrescido da bagagem e da experiência que o Valente lhe proporcionou. Nesse sentido, através de um jogo de metáforas sobre igualdade, preconceito e críticas à sociedade, o álbum marca uma transição, um retorno à uma identidade mais pessoal, menos caricata e, nesse sentido, mais carregada de sentimentos pessoais, de "sangue" próprio, onde Rafael enfrenta seus medos, pesadelos, desejos e amores.
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