Assista o desabafo de Rattú com o audiovisual "Super Choque"


Guarde bem o nome do rapper Rattú. O artista nascido e criado no ABC Paulista, deixa uma composição forte na cena, vivenciando toda a luta que temos visto contra a violência policial e o genocídio de seu povo. Rattú tira um desabafo do peito em seu novo material na cena, liberando reflexões do cotidiano de um jovem negro com o drop do audiovisual batizado "Super Choque"

O single chega com produção musical por Galdino Beats, recebendo gravação, mixagem e masterização por Xuvisco via Estúdio Estrondo.

O clipe traz direção e filmagem pela mãos de U-China, tendo edição de Thiago Nascimento, contando com a assistência de Mauro Matheus. Assista abaixo:



Trocamos uma visão com o artista sobre seu lançamento. Confira abaixo:

VI$H: Conta pra gente como foi o processo criativo do single? 
Rattú: Esse refrão inicialmente era de outra música que eu compus ano passado em um momento muito difícil, tanto que até tinha deixado "de escanteio". Quando ouvi esse instrumental, me lembrei dele na hora, a melodia "praticamente o chamou", rs. O resto da poesia escrevi alguns dias depois e parti pro estúdio.

VI$H: E a gravação do audiovisual ? 
Rattú: Como gravei a música antes da Covid-19, eu tinha outra idéia para esse Clipe, de juntar uma galera e tal. Mas devido á responsabilidade que o momento pede, aceitei essa idéia do meu vizinho, que é do Selo Independente Estrondo, responsável pela realização de já gravar. Ele que dirigiu e filmou com o auxílio do seu filho. Fizemos no estilo "quarentena", tendo como cenário a sacada da casa de cima, que está desocupada, e incluindo apenas o meu pai, que foi a "cereja do bolo", rs.

VI$H: Como foi ter a participação de seu pai no videoclipe?
Rattú: Ele é o responsável por eu gostar tanto de música, arte e criatividade. Na minha infância ele tocava sempre os discos do "Zeca Pagodinho", "Raça Negra", "Cartola"... Eu viajava naquelas letras criando os cenários na minha cabeça. Meu gosto por rimas provocadoras e debochadas, inclusive, vem das fitas K7's do "Caju e Castanha" e "Mamonas Assassinas" aos fins de semana. Acredito que a arte eterniza as pessoas e ele mais do que ninguém merecia isso, foi muito gratificante.



VI$H: Você mais uma faixa com beat assinado pelo Galdino. Qual foi a sua primeira impressão ao escutar o instrumental que deu origem ao single? 
Rattú: As produções do Galdino sempre me surpreendem pela qualidade em meio á sua diversidade, tanto que a pegada da outra música é bem diferente dessa, é mais reflexiva... Acredito que muitas vezes o instrumental praticamente pede um tema ao compositor e foi isso que aconteceu. O ritmo resultante da modernidade do Trap e a ousadia do Funk é de "por as pessoas pra cima" e foi o que tentei fazer nessa música.

VI$H: Nos explique do por que a faixa ser batizada Super Choque?
Rattú: Confesso que foi difícil escolher, mas no fim decidi por Super Choque porque além de ser um desenho que eu gostava muito, é um personagem preto e esse título chama atenção também do pessoal mais novo. Além de hoje ver o RAP como trabalho, também vejo como uma ferramenta de conscientização social e elevação da auto-estima, nossa juventude precisa disso.

VI$H: Estamos vivendo um momento muito conturbado, qual a principal visão você espera que o publico tire do single "Super Choque"? 
Rattú: Que não normalizem o racismo e o preconceito. O refrão, é um grito para que não normalizemos essa crescente de vidas perdidas na periferia e a letalidade policial. Nos últimos 3 anos perdi um irmão de consideração e um de sangue para a violência e as drogas. Ver os pais enterrando seus filhos é doloroso demais! Queremos poder falar só de amor. Passar a noite em paz, comemorando com "aquela pretinha que é pra frente", como dizem os versos que completam o refrão, rs. Estamos cansados de tantos velórios!

VI$H: Como tem sido a carreira do artista. O que podemos esperar do Rattú ainda neste ano?
Rattú: Desde o fim da minha participação no grupo "Relatos o Funeral" em 2016, eu vinha lançando trabalhos solo em grandes intervalos de tempo, quando enfim fechei a gravação do meu primeiro EP. Mas logo em seguida veio a Pandemia e impossibilitou aquele necessário dia-a-dia no estúdio. Decidi, então, lançar as músicas como Singles e tem bastante trabalho pra sair esse ano, pretendo lançar um por mês. Em Julho mesmo estará na rua a "Dubai". Estou muito ansioso, é diferente de tudo que já fiz.
 VI$H: Antes de terminar a entrevista, qual recado você deixa para os leitores musicais que estão te conhecendo?
Rattú: Que antes de tudo, tenham fé nas crianças da periferia e as mostrem sempre que elas devem acreditar e lutar pelo que sonham. Que não deixem que o racismo e o preconceito te diminuam como pessoa, e que não diminuam as outras pessoas por isso. E é claro, que me sigam nas redes sociais, pois esse ano o pai ainda tem muita coisa pra lançar. Salve!


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