Conheça Shigara, artista mineira que acaba de estrear pela Tropical Twista com o EP “Sambaqui Arranha-Céu”
Não há como negar que o Carnaval é uma das mais fortes representações da arte brasileira, e do que é ser brasileiro. A música, a dança, os sorrisos, a alegria e energia que dominam a atmosfera, a intensa vontade de viver, lutar, revolucionar e se expressar, tudo misturado, tomando as ruas de todo o nosso país. Em um espaço tão rico culturalmente como esse, muitos artistas surgem inspirados com tamanha pluralidade e contagiados pela adrenalina de se manifestar toda aquela paixão pulsante pela arte.
E é neste rico contexto que Shigara se formou como artista. Natural de Belo Horizonte, sua trajetória na música iniciou em 2014, como vocalista, guitarrista e compositora de uma banda de rock, a Ramona & The Red Vipers, que trouxe a vivência de fazer experimentações e ter seu primeiro contato com o universo dos synths, mesclando influências do blues, rock e punk com música eletrônica, além de discotecar em festas de rock em clubes da cidade. Três anos depois, passou a atuar no carnaval de rua da cidade, em 2016, com o bloco Alcova Libertina, que despertou sua paixão pela percussão latinoamericana e a conectou com a Dance Music.
A partir daí, mergulhou de vez no universo da discotecagem criando uma festa de música latinoamericana chamada Papaya. Mas foi após o Carnaval de 2020 que passou a se dedicar a produção musical, isso porque durante a popular festa, perdeu completamente a voz e descobriu um diagnóstico de fenda nas cordas vocais, o que a obrigou a parar de cantar. Durante esse período, cursou musicoterapia na UFMG e focou em aprender produção.
Com a união dessas vivências, Shigara criou uma sonoridade plural, mas coesa e bem estruturada, unindo a intensidade do Bass, com o Dub, Techno e House, sempre incorporando ritmos brasileiros e latinoamericanos, além de muita percussão e linhas melódicas de alma desértica.
E, apesar do pouco tempo na cena, já vem acumulando grandes feitos. Seu currículo conta com uma residência na Horny, movimento de expressões sexuais queer que além de festas e festivais, propõe talks educativos e diversas campanhas para “despudorizar” questões sobre o corpo e sexualidade, onde compartilha sua vivência como artista não-binária; a criação, ao lado de Mapú, do projeto Matadensa, espaço multicultural que conecta artistas de todo o Brasil e já chegou até eventos como Festival ¼ Club (PT) e Burning Man 2020 (EUA); além de lançamentos pelos selos Curral REC, ALGOL, Bruta e agora, lança seu primeiro EP pela Tropical Twista Records.
“Sambaqui Arranha-Céu” chegou às plataformas na última sexta-feira (14), trazendo seis faixas energéticas, que passeiam pelas linhas do Organic House e Downtempo, conversando diretamente com a estética da label. As múltiplas referências e vivências se traduzem em uma fusão explosiva, desde a abertura, com “Tucano Toco”, que traz uma linha de baixo bem marcante e uma percussão ritmada, aplicando a influência da música brasileira e latina, bem presente também em “Trajeto” e “Tómatelo Todo Lo Que Quieres”; até o fechamento com “Faca de Dois Gumes”, com uma atmosfera mais densa, dando sequência a energia soturna das duas faixas que antecede “Empinadim” e “Cuíca da Doida”.
O EP é apenas o início de uma nova fase marcante para Shigara. Afinal, ela já vem preparando mais novidades dentro da cena eletrônica, a primeira delas é sua performance no palco New Dance Order do The Town, em setembro, junto a Xaxim e Afterclapp, além de mais um release programado para os próximos meses. Dito isso, uma coisa é certa: ainda veremos muito o seu nome por aí.
