Ogi é indiscutivelmente um dos nomes mais interessantes e importantes do hip hop brasileiro. Com seus três discos lançados até agora, o MC escreveu seu nome no panteão dos deuses do gênero no País.
O grandioso artista atinge a cena com uma nova onda de composições, com um trabalho que transborda criatividade por todos os aspectos, com o mestre do flow visitando temas como precarização de trabalho, violência policial, morte, vida e amor pelo prisma da fantasia.
Ao escrever as canções do disco batizado "Aleatoriamente", Rodrigo Ogi convida o ouvinte para ligar a televisão e dar o play em um filme que mescla o surrealismo, o realismo fantástico e o terror. As histórias, tão vivas e bem escritas, parecem tiradas de um livro de contos muito particular e escrito sob medida por ele para trabalhar temas contemporâneos sem esbarrar em clichês panfletários, infantis ou pretensiosos. O resultado disso é uma obra que propõe novas formas de composição, de flow e de pensar o storytelling dentro do rap nacional, uma das marcas mais fortes do gênero desde a década de 1990.
Aleatoriamente é um passeio pela mente ora caótica, ora imaginativa de Rodrigo Ogi. O disco trata das mais variadas questões da atualidade, que rondam, apavoram e instigam as cabeças mais ligadas ao seu redor: da precarização do trabalho em "Rotina" à proximidade da morte em "Peixe", passando pelo questionamento do amor na dobradinha "Cupido" e "Eu Pergunto por Você", o artista se mostra atento ao surreal universo que tem cercado o ser humano nos últimos conturbados anos da nossa existência enquanto sociedade.
Com Kiko Dinucci assinando toda a produção do álbum, o disco soa como uma extensão do trabalho que foi iniciado com o propositivo RÁ!, de 2015, em que Ogi já mostrava sua intenção de se aproximar de gêneros que estão fora do hip hop underground dos anos 90 e 2000. A obra resgata colaborações únicas de nomes como Juçara Marçal, Don L, DJ Nato PK, Nave, Thiago França, Russo Passapusso, Siba e Tulipa Ruiz.
Todas as músicas contam com um visualizer feito pelo pessoal da Pó de Vidro Filmes, que se baseou no surrealismo de Dali e Buñuel, em filmes de terror slash e em diversas referências do universo criado por AleatoriamenteA foto da capa foi feita pelo parceiro de longa data de Rodrigo Ogi, o fotógrafo Ênio César, que foi até o SESC Pompeia, reduto importante para a cultura paulistana, para criar a arte.
Aleatoriamente já pode ser escutado nas principais plataformas de streaming. Escute na integra abaixo pelo Spotify: