Sempre apoiado nas suas convicções e na sua origem musical, BK' protagonizou um verdadeiro espetáculo na Praça da Apoteose, no Rio de Janeiro.
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Foto por Murdoc (@murdoc.murdoc) |
Apoteose. Rio de Janeiro. 6 de abril de 2024. Um momento para jamais esquecer. O rapper BK', juntamente com o produtor Jxnvs, realizou o show de encerramento da turnê Ícarus para um público estimado em 22 mil pessoas e entregou um verdadeiro espetáculo para os presentes no evento, consolidando, ainda mais, seu nome no cenário musical brasileiro.
O álbum Ícarus trouxe músicas que rapidamente se tornaram populares entre os fãs do rapper, mas também abriu espaço para que BK' se tornasse um artista mais completo e respeitado no Brasil. Nesse show de encerramento da turnê, o cantor mostrou que suas convicções seguem firmes e se deu ao luxo de arriscar e buscar uma apoteose própria.
Durante a apresentação, BK' tratou a cultura hip-hop da maneira correta: apresentou backing vocals e dançarinos de qualidade no palco, entregou efeitos visuais e cenográficos que melhoraram a experiência musical e trouxe elementos surpreendentes, como uma mini orquestra durante a faixa Carta Aberta, na qual ele deixa um claro recado: "Melhor da minha geração e foda-se".
Esse talento de BK' está transbordando a cena do rap. Atualmente, é possível dizer que BK' também é pop, algo essencial para o sucesso midiático moderno. A participação mais do que especial de João Gomes no show é uma prova disso. Os dois, juntos, no palco, protagonizaram um lindo feat ao cantar Bom Te Encontrar e surpreenderam ao unir o refrão de Dengo, hit do forró, com parte de O Que Quiser Fazer, sucesso do rapper. Momento único.
Pensando nas vivências que BK' entrega em suas composições, ter um artista conquistando cada vez mais espaço em lugares que anteriormente eram inabitáveis para a cultura preta e periférica é motivo de orgulho. BK' é um dos nossos e prova que pode nos representar em novos cenários musicais.
Inclusive, se engana quem acha que a fama fez com que BK' deixasse suas origens de lado. Na apresentação, sempre ao lado do importantíssimo produtor Jxnvs, sucessos dos álbuns Gigantes e Castelos & Ruínas foram apresentados ao público presente, bem como canções mais recentes de O Líder em Movimento e Cidade do Pecado.
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BK' e Djonga por Murdoc (@murdoc.murdoc) |
Além disso, a "galerinha do mal" também teve seu momento de glória. Durante as participações de Djonga, Major RD e L7nnon, o cantor incentivou que o público fizesse as famosas rodinhas punk para curtir singles como Tudo Mudo e Nada Mudou, Foto Armado e Lugar na Mesa. Prova viva de que o legado do rap e do hip-hop segue fluindo nas veias de BK'.
O artista também foi muito certeiro ao convidar várias artistas mulheres para feats nas novas músicas e para participar do show final da turnê. A presença feminina no álbum e no palco foi especial. No evento, ficou claro que as fãs do BK' se sentiram ainda mais representadas com as participações e os versos de Duquesa, Julia Mestre e Bebé Salvego, entregando uma realidade mais próxima das vivências femininas.
Fato é que BK' elevou o nível com o álbum Ícarus e mostrou que está transcendendo musicalmente. Isso é inegável. Em todos os shows da turnê pelo Brasil, o rapper apresentou elementos e projeções especiais no palco, como um verdadeiro espetáculo contemplativo. Esse esforço do artista para entregar um show digno de palco principal de grandes festivais foi o suficiente para causar as mais variadas e positivas emoções nos fãs presentes na Apoteose.
Pessoalmente, acredito que esse show final e apoteótico do BK' deveria servir como um recado para os grandes artistas da cena do rap, que não podem mais se contentar com apresentações pobres. O público que consome a cultura hip-hop merece mais espetáculos de alto nível. Inclusive, um show tão bem produzido, dividido musicalmente em atos concretos, sem grandes confusões, com boa estrutura e grande público merecia uma transmissão ao vivo para todo o Brasil. Uma pena que não tenha acontecido, pois foi lindo ver o show sendo finalizado com BK' tocando o céu, iluminado por fogos de artifício, ao som de Universo. Um desfecho histórico em mais um ciclo especial na carreira de Abebe Bikila.