Aposto que você ouviu essa reivindicação algumas vezes no
ano. Gostaria de dizer “Salvo os gênios da nova geração...”, mas na realidade
mal eles se arriscam aos padrões originais de se construir uma música de rap. Estaríamos
próximos ao futuro distópico o qual
previa a morte do Hip Hop? Bem, se continuarmos a tomarmos a o rap como
unidade, e mais além, como nosso, eu diria que sim.
Eu costumava discutir
sobre a importância de artistas difamados do trap no cenário brasileiro, a
riqueza de sub-gêneros trazidos por estes (até mesmo o Plug Trap, importado e
visível por conta do Raffa Moreira, etc.). Porém, cá entre nós, é um saco
conversar com alguém que por saber usar palavras e termos difíceis, acha que
sabe de tudo. É necessário entender o porque de
defendermos tanto, com espadas e escudos, o castelo imaginário do rap
nacional.
Não sei se subestimo você ao frizar que é minha opinião, mas
na minha opinião, o Rap tem que deixar de ser um semblante o quanto antes. A
materialização de um “Rap Game” é um conceito perigoso e restritivo. Ele, antes
de tudo, serve apenas como marcação de território para hate de novas
experiências artísticas.
O próprio e aclamado Djonga faz alusão a esse jogo
imaginário em sua participação recente no “#Perfil”, distribuído pelo canal da
Pineapple Storm TV, Olho de Tigre
.
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Letra retirada do site Genius, Olho de Tigre - Pineapple Perfil |
Infelizmente, não se delimita o nome para mera catalogação
sonora. O rap deixou de ser exclusivamente um movimento social antes mesmo de
chegar no Brasil. O rap deixou de ser citação poética com pouca melodia e tom
de seriedade com a popularidade do Outkast. Mas mesmo assim, o público protege
e busca os motivos certos para xingar um artista que não se encaixa nos seus
padrões.
Ainda em território estrangeiro, artistas como Trent Reznor, do Nine Inch
Nails, reflete sobre tal posição em sua última entrevista para a Vulture.
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Citação retirada da entrevista "In Conversation: Trent Reznor" da Vulture |
"Quando você não está pensando sobre o público, consegue fazer uma arte mais pura." diz.
O Rap Game é um reflexo virtual. Seu Rapper favorito não
disputa com ninguém diretamente. Quem cava as covas e escolhe os eliminados é o
próprio público, brincando com a reputação de vários artistas, os quais são
repreendidos antes de encontrar um público alvo referente ao seu estilo
musical.
Seja a partir do cômico, do eufemismo ou do pedante, grupos
em redes sociais conseguem facilmente restringir o alcance de visibilidade e de
arte dos músicos ainda em ascenção no cenário do hip-hop.
O Que Fizeram Com O Meu Rap (parte I) - Colunas V!$H
Reviewed by Rafael Mafra
on
28 julho
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