Cris D. e o uso de estéticas urbanas em seu cotidiano artístico

Incluir referências e fragmentos das estéticas urbanas à esfera da house music (e variáveis) pode agigantar o modus operandi artístico substancialmente. Naturalmente associados ao Hip-Hop, é válido ressaltar que os movimentos confluem em muitos pontos — sobretudo na origem, derivantes da cultura negra, mas também não param por aí. O gaúcho Cris D. é um modelo pertinente quando o tema é a mescla dessas esferas.

“Desde pequeno existem influências indiretas na arte e na música; ver filmes como Space Jam, onde temos a lenda Jordan no papel principal (sendo uma figura negra) ou até diversos outros filmes que juntam essa cultura nas telonas, foi o começo das minhas referências. Lembro que um dos primeiros clipes musicais que eu vi foi Crazy in Love, da Beyoncé, com aquela estética de rua e tudo mais, aquilo me brilhou tanto os olhos que bebo dessa fonte até hoje (risos)”, reforça o DJ e produtor que também reverencia com grandeza a cultura negra e formando suas composições que flutuam entre o Afro House, Disco e Indie com um “quê” de brasilidade.

Em um de seus lançamentos, “Yiambe”, Cris mergulha em elementos africanos que misturam com exatidão ancestralidade e contemporaneidade. “Minha mãe sempre foi de religião afro, então quando ia com ela bem pequeno, escutei muitos tambores e ritmos africanos que nem entendia na época. Sempre fui curioso pela minha cultura, então pesquisei muito por isso, desde filmes até artistas, tanto que trago diversos samples nas minhas músicas, desde coisas tiradas do jazz, até gritos de guerra africanos”, conta o gaúcho.

Segundo ele, depois da pesquisa é que entra a criatividade, citando como um exemplo o filme Pantera Negra, da Marvel. “O filme possui desde músicas originais até remixes onde temos o equilíbrio perfeito entre cultura e musicalidade. Isso me ajudou e muito a criar esse novo álbum, tanto que sampleei uma das partes. Olhar a cultura africana com outros olhos faz ver o quão criativo é esse povo na musicalidade. Acho que não só usar do tambor, mas de elementos culturais me fez ajudar como artista”, complementa. Cris D., se intitula como “garoto de bairro”, já que sempre esteve nesse meio, mesmo que indiretamente. “Sou estudante de design e tenho diversos amigos grafiteiros, isso me fez olhar de como inserir isso em outro lado artístico. Meu Instagram, por exemplo, é reflexo disso. Assim como sons produzem sons, imagens também falam, tudo se conecta de alguma forma, não é apenas um mural, mas sim um movimento artístico”, conclui.

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Matéria assinada por Isabela Junqueira