Um designer fora da curva: falamos com Henrique Ricardi [Hood Coletivo]

 

A mente do artista é sempre movida por desafios e influências. Para Henrique Ricardi, head da HOOD Coletivo, a jornada começou cedo. Desde criança ele foi inserido no contexto urbano, como skate e basquete, formando sua personalidade como pessoa e artista. Totalmente sem querer, acabou tornando-se designer de capas de álbuns, singles e EPs para os maiores players da música eletrônica nacional.

O jovem, inspirado nas artes no grafiteiro e artista do neoexpressionismo, Jean-Michel Basquiat, pensa em alçar novos voos em sua carreira. Para alguém que já conquistou tanto, afinal, um currículo que contém Alok, Vintage Culture, Gabe, Victor Lou e tantos outros, quais são os próximos passos? Falamos com ele para descobrir, confira:




VI$H: Henrique, sabemos que você começou despretensiosamente no mundo das artes digitais, mas sempre foi um tanto quanto artístico. Como foi passar do papel pro digital? Sente falta do trabalho físico (papel, caneta, tela, lápis, tinta)?
Henrique:  Por conta dos compromissos e projetos com a HOOD, acabei me distanciando um pouco dos trabalhos físicos/orgânicos, mas a verdade é que nunca parei com isso. Sempre que posso tento aplicar essas técnicas de alguma forma em meus trabalhos. É difícil fugir da nossa essência. (risos)

VI$H: Desenhando desde sempre, praticamente, o que você usa na sua arte que é sua marca registrada? Ou cada trabalho também depende do direcionamento do cliente?
Henrique: Acredito que um dos pontos mais marcantes presentes na maioria de meus trabalhos sejam as combinações de texturas, poeiras e sujeiras.

VI$H: Depois de já ter desenhado estampa - para a sua marca - e tantas capas, como você continua criativo? Chega um ponto em que a criatividade ‘acaba’ ou o estímulo é tanto que dá vontade de fazer projetos diferentes?
Henrique: Há dias e dias. Tem vezes que não importa o que tentamos fazer, nada acontece. A criatividade pode ser estimulada de diversas formas e, para mim, o essencial é se manter em movimento e beber de várias fontes de inspiração pra evitar que esse tipo de coisa aconteça. 

VI$H: Quando já se conquistou tantos sonhos, como no seu caso de já ter trabalhado com nomes tão famosos como Alok e Vintage (DJs renomados mundialmente), o que sonhar adiante? Onde você deseja chegar? 
Henrique: Então, a verdade é que nunca planejei, nem almejei nada disso. O foco sempre foi o resultado do meu trabalho e o resto veio por consequência disso. Daqui pra frente, o que eu quero é seguir trabalhando com uma galera f*da e que bota fé nas minhas ideias

VI$H: Do briefing até a arte finalizada, qual o seu processo de criação? O que mais gosta nele? 
Henrique: Varia muito de trabalho para trabalho, mas tirando os casos em que o cliente solicita algo em específico, não costumo planejar nada (em relação ao resultado do trabalho). Deixo as ideias fluírem de maneira natural e o resultado sempre é uma surpresa.  (risos) 

VI$H: O trabalho para o EP Cala Comte do Chemical Surf foi um certo turning point na sua carreira, certo?! Como aconteceu esse convite? O que mudou depois dele? 
Henrique: O convite para participar desse projeto foi uma surpresa pra mim. Na época, trabalhava com o DJ e produtor Mojjo e foi ele quem fez a ponte e me apresentou para a Braslive, empresa responsável pelo lançamento do EP. A partir daí, senti que meu trabalho foi visto com muito mais credibilidade que antes.


VI$H: Suas artes já se materializaram na sua marca de roupas, a Nifty; como foi a experiência de mexer com confecção? Tem vontade de se aventurar no ramo novamente? 
Henrique: Com certeza! Uma colaboração com alguma marca nacional de streetwear, quem sabe?! 

VI$H: Sua vivência com a experiência urbana, rap, skate, grafite, mudaram a maneira que você enxerga a moda? Como isso interfere não só na sua arte gráfica, mas na sua carreira e na sua vida pessoal? 
Henrique: Penso que somos reflexo de tudo aquilo que bebemos como fonte de inspiração, portanto, eu diria que todas minhas experiências interferem e se fazem presentes de maneira direta em tudo aquilo que faço, desde a maneira que me visto, até a característica de minhas criações.

VI$H: Depois de explorar o mundo da música eletrônica com o seu trabalho, para que outras áreas você gostaria de produzir?
Henrique: Adoraria trabalhar com todos que acreditam nas minhas ideias e no meu trabalho, independente do mercado. O céu é o limite.