Kyle Fortes é pura classe no lançamento do EP “MALOKEIRO BALA (Underground demo)”


O rapper Kyle Fortes, de apenas 19 anos, está em atividade com um novo trabalho na pista. O artista respira hip-hop, possuindo quase 1 década de envolvimento com a arte, atuando como rapper, mestre de cerimônia, escritor e compositor, e atualmente trabalhando bons freestyles como rimador dos vagões da grande São Paulo. 

Seu mais novo trabalho se trata do EP nomeado, MALOKEIRO BALA (Underground demo)”, trazendo três faixas inéditas do cantor. O material busca resgatar uma essência única do hip-hop, tendo as músicas jogadas no boombap, ditando muita classe nos versos e instrumentais, com uma nítida referência a golden era da grande vertente. 

Muita vivência e ideias diretas são o ponto alto da obra, com Kyle Fortes, buscando atingir o ouvinte pela identificação. “Eu não canto para conscientizar, muitas pessoas veem o rap como forma de conscientização. Eu prefiro cantar para a identificação, para que as pessoas se identifiquem, não para que elas se conscientizem”, comenta Kyle.

MALOKEIRO BALA (Underground demo) teve captação por THI, via NIER SOUND, sendo mixado e masterizado pelas mãos de Rod Shawty. A parte visual tem criação por Castro, com fotografia nas lentes de Mateus Acioli, além de direção no nome de Tiago Barcelos, realizado pela Cem Gramas Produções.


A obra se encontra disponível  no YouTube da Nier Sound e no SoundCloud. Kyle decidiu manter o EP fora de plataformas privadas - trazendo a proposta de ser um trampo de livre acesso, sem privatizar as formas de ouvir.


A VI$H teve o prazer de trocar uma ideia direta com o artista, te deixando ligado em alguns detalhes exclusivos do projeto. Flagre abaixo: 

VI$H: Para começar, nos conte qual a principal ideia deseja passar para quem está curtindo este trabalho?
Kyle Fortes: Meu foco com MALOKEIRO BALA é simples, tocar o ouvinte que se identifica e se sente representado com as passagens que o ep trás.
Antes de cantar para multidões quero tocar cada ouvinte meu, um por um, de forma natural, de dentro pra fora. É um projeto que escrevi em um momento de transição pessoal e artística, pra mim representa renovação. 
Se for pra dar um destino moral pra obra, boto fé que seja se manter no controle de si mesmo, indiferente do ambiente e ciclo social em que estiver incluso. Aquele malandro bom ta ligado?! Saber se portar e lidar com o meio que está incluso, sem deixar de ser você.
 
VI$H: O projeto traz uma forte composição. Como fluiu o processo de criação das faixas?
Kyle Fortes: O processo criativo do ep foi leve, por ser uma obra que gira entorno de tudo que penso/consumo, fica mais simples transformar os pensamentos em rima. Meu foco foi trazer letras com propostas diferentes que soassem parte do mesmo ciclo. Nesse caso, um ciclo mais urbano, com linhas que não romantizem tendências que fogem do foco social da parada. 
*Uma curiosidade: A música um, Vigarista, surgiu quando decidi pensar em como fazer uma coisa mais “comercial@, sem prejudicar e perder os ideias que construí pra parada. Uma coisa meio que pra contornar o fetiche industrial no rap com destino há classe alta.  
 
VI$H: E a produção? Como foi trabalhar ao lado da NIER SOUND? Quanto tempo levou da início das produções até o lançamento?
Kyle Fortes: A NIER SOUND é minha casa, trabalho com meus irmãos de forma independente e valorizo isso demais. O projeto surgiu entre o mês 5/6 do ano passado (2021), onde trabalhei junto ao meu coletivo (Nier Sound), mas contei com o apoio de uma equipe muito maior. A produtora visual Cem Gramas Produções, o designer gráfico Castro, o fotografo Mateus Acioli (Roxo), a captação e direção musical de THI, direção executiva por Pedro Gallon Sanchez e para fechar a pós produção, na mix/max, Roddie.
Valorizo a musica sendo produzida em um ambiente confortável e toda equipe que trabalhou comigo também, então foi tudo muito tranquilo. Feliz por fazer acontecer.


VI$H: A classe presente na demo é nítida. Quais são as principais influências por trás do material?
Kyle Fortes: Então, esse foi um trampo que decidi voltar a raiz da parada pra estudar e entender melhor como isso tudo chegou até aqui. Minhas referências, musicais, foram uma mistura de gêneros e musicas de diversas nacionalidades, como por exemplo: Wu-Tang Clan, Chico Buarque, 50G, J Dilla, Gasoline... Entre outros que gosto muito, como MF Doom, Madlib, Racionais que referencio diretamente quando uso da oração de São Jorge para formular uma estrofe, assim como eles em Jorge da Capadócia. 
A capa é uma releitura de um álbum de 2002 – direção artística que fiz em conjunto com o Castro – “Gasoline a Journey Into Abstract Hip Hop. Onde a grade foi reformulada para filmes de sucesso mundial: Scarface, Cidade de Deus e Pulp Fiction.
 
VI$H: A rua é um ponto evidente nos visuais que acompanham as faixas. Revele como foi trabalhar ao lado dos produtores visuais nesta parte.
Kyle Fortes: No primeiro momento sai pro corre com meu parceiro Mateus, vulgo Roxo, pra fazer as fotos que usamos pra divulgação do ep e foi uma vivencia muito boa, ele teve uma visão da cidade que combinou com a visão que tive pro álbum então o visual fechou muito bem.
Depois constei pro corre de rua com o Tiago Barcelos – fundador da cem gramas produções – pra fazer o clipe e tal, nós decidimos por fugir do comum do cenário atual com clipes em que o mc canta pra câmera e coisas assim, preferimos fazer um full clipe pra cobrir o ep todo, evitando ao máximo a presença de takes em que eu cantasse. O resultado final ficou como nós esperávamos, mais orgânico, sem muita mirabolância dessa vez porque o projeto pedia uma imagem mais lucida. 
 
VI$H: Você acabou de dropar três faixas. Mas não podemos deixar de perguntar quando vem a próxima. Pode nos revelar algo?
Kyle Fortes: Então, o próximo trabalho que vai pra pista é um single que produzi com um produtor que foi muito importante na minha caminhada.  Por ser um projeto atual, acho um trabalho mais maduro. MALOKEIRO BALA foi um bom trampo pra abrir a pista pra esse.
 
VI$H: Obrigado pela sua participação! Deixe um recado para o público que está conhecendo seu trabalho agora neste momento.
Kyle Fortes: Bem simples, desse jeitão! Curto o trampo que venha da rua pra rua, feito na maior sintonia possível com cada envolvido. Um forte abraço da minha parte pra quem abraça e vive a parada. 
Boom bap até umas hora, sem mais.