O ano é 2022 e o cenário estava rendendo bons frutos de parcerias entre artistas, junções de vertentes distintas e lançamentos originais que surpreendem positivamente o público. Foi o caso da faixa lançada pela Nervous Records, “Ritimadinha”, resultado da colaboração entre Trallez, Cla$$ e J Cult, na qual os artistas implementam a junção do Funk com o Tech House. Os produtores entregam uma faixa cheia de swing e força combinadas com o que há de melhor das linhas de baixo robustas que a música eletrônica proporciona.
Tudo começou em 2021, quando os produtores Cla$$ e J Cult enviaram a faixa para Trallez e o mesmo decidiu tocar a faixa em uma apresentação no Rio de Janeiro, afinal, a cidade tem um público fervoroso de Funk e não deu outra, foi sucesso. Apesar do sucesso, houve uma questão inerente a junção das vertentes, Tech House e Funk na faixa, algo que tem gerado polêmicas pelas pistas de música eletrônica do país, mesmo que nomes famosos como Seth Troxler por exemplo tenha expandido o leque e incluído Funk em um de seus sets no Brasil. Sobre a reação da cena, Trallez compartilha:
"Nunca vou esquecer, quando recebi a ideia do Carlão já sabia que daria bom! Alguns meses depois decidi enfim trabalhar nela e não deu outra, bombou muito. Porém, não toquei ela em outras oportunidades e hoje em dia vejo que na verdade eu poderia sim ter tocado. O preconceito é algo tão enraizado que nos ataca muito forte… No entanto, com o tempo fui vendo o quanto nosso público estava gostando e se tornou quase que uma obrigação eu tocar a "Ritimadinha" (risos)".
Aqui há outro motivo inerente a junção de parcerias e vertentes que seguem abrindo caminhos para questões de cunho social, alguns torcem o nariz para o Funk mas a realidade é que a vertente é tão underground como qualquer outra na esfera eletrônica. Basta estar disposto a estudar o passado de vertentes como o Techno e House e os movimentos que surgiram de festas proibidas cujo o intuito era fazer resistência a pressões políticas e raciais, isso já esclarece por si que a música está onde deve estar, levantando questionamentos necessários em prol da arte e do povo.
"A arte é algo que não tem limites e devemos deixar os artistas fazerem arte. Hoje estamos sampleando funk, daqui a uns tempos iremos estar sampleando outras coisas e assim nossa cena continuará a ter suas metamorfoses. Se for bom, ultrapassa qualquer barreira de hate".
Independentemente do gênero, a faixa entrega um impulso de coragem para os artistas e para o público os fazendo acreditar em si mesmos. Por aqui nós seguimos ansiosos para os próximos lançamentos.
Ouça agora:
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Texto por Mia Lunis
“Ritimadinha” é mais um single que retrata o sucesso do casamento entre o Tech House e o Funk
Reviewed by Gustavo Ribeiro
on
02 fevereiro
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