Gustavo Caliban lança “Primeiro Critério”, clipe versátil com Jef Rodriguez e Trevor Gudkid que conecta Brasil e Gana

Disponível em todas as plataformas de streaming, a faixa “Primeiro Critério” é uma verdadeira demonstração sonora e visual de versatilidade, sendo um material que une Boombap, Trap, Ragga, Drill, Poppin e Capoeira.. O single comandado por Gustavo Caliban, conta com participações dos artistas Jef Rodriguez (Bahia) e Trevor Gudkid (Gana), além da produção musical assinada pelo próprio Gustavo Caliban ao lado de Pep Starling.

O videoclipe, já disponível no canal de YouTube de Gustavo Caliban, é uma obra audiovisual rica em narrativa e referências. Dirigido e editado por Vinícius Paranhos, o clipe percorre diferentes ambientes da natureza ao cenário urbano e noturno com elementos de dança, luta e performance que costuram a mensagem da faixa.

A jornada começa com Caliban em meio à natureza, representando o amanhecer de uma história que migra para o ambiente urbano, onde rimas com referência aos anos 90 se encontram com o talento do dançarino Nevespopper. Em seguida, Jef Rodriguez assume o refrão com forte influência da música jamaicana, enquanto Mestre Cocoroca e o Contra-Mestre Tarobinha introduzem a capoeira como símbolo de luta, cultura e ancestralidade.

A segunda parte é dominada por Trevor Gudkid, que surge com sua crew em cenários noturnos, alternando rimas em inglês e português com intensidade e presença. O clímax do clipe é a volta dos três artistas para uma impactante roda de fogo.

A proposta do single é clara: dar voz à pluralidade do Hip-Hop e sua conexão com ancestralidade, resistência e criatividade. A faixa é parte do álbum “A Extinção da Espécie”, novo projeto de Gustavo Caliban que será lançado em breve. Assista ao audiovisual completo abaixo: 

Primeiro Critério já pode ser escutado nas principais plataformas de streaming. Ouça abaixo pelo Spotify: 

A VISH esteve em contato com Gustavo Caliban, que nos revelou alguns detalhes exclusivos acerca do lançamento. Confira abaixo:

VISH: “Primeiro Critério” mistura Boombap, Trap, Ragga, Drill, Poppin e Capoeira. Como foi o processo de unir tantos estilos distintos em uma única faixa sem perder a coerência sonora e narrativa?

Gustavo Caliban: Com certeza foi um desafio. Eu sempre quis mostrar a capoeira em sua qualidade marcial, mas para contrabalancear essa estética decidi trazer o Nevespopper, que é um dançarino brabo de Poppin. Essa dança é uma vertente próxima do Breakdancing, assim como o Drill e o Trap são vertentes do rap. Achei que pela mistura que foi proposta nos elementos do beat esse estilo de dança casaria e também integraria mais de um elemento do Hip Hop. A parte das rimas foi natural, cada um seguiu sua onda, mas como são 3 artistas com muito talento e técnica, não teve como dar errado, cada um fez a melhor leitura para o Beat.

VISH: O videoclipe tem uma forte carga simbólica, com passagens da natureza ao ambiente urbano. Como surgiu a ideia dessa transição visual e o que ela representa na trajetória contada pelo clipe?

Gustavo Caliban: Gosto muito do storytelling, a progressão das ideias traz dinâmica. Como a primeira letra começa suave e traz ideias reflexivas optei por ambientes claros e pouca gente nas cenas. As cenas com capoeira vieram para dialogar com essa passagem, primeiro a luta num gramado em ambiente aberto. O último verso tem essa estética meio Drill, então pensamos em trazer a gang para fazer peso e escolhemos ambientes mais sombrios e fechados. No último refrão, para dialogar com a energia mais sombria fizemos a roda de fogo, que é um elemento que gosto muito de trabalhar no meu persona e deu uma identidade inovadora para o clipe. O fogo é um elemento muito ligado à espiritualidade e tanto a música quanto a capoeira tem tudo a ver com espiritualidade.

VISH: A capoeira, representada por Mestre Cocoroca e Contra-Mestre Tarobinha, aparece como símbolo de luta e ancestralidade. Qual a importância desse elemento na construção da identidade do projeto?

Gustavo Caliban: O Jef trouxe referências de capoeira na construção do refrão e como eu sou capoeirista desde criança eu trouxe algumas propostas em cima e fechamos a ideia juntos. O Mestre Cocoroca foi meu primeiro mestre, me ensinou tudo e é um dos capoeiristas mais técnicos que já vi, domina todos os fundamentos, da luta aos floreios. Ele ainda convidou o Contra-Mestre Tarobinha, que está no auge e também joga muito. Foi muito bom que eu já tinha algumas movimentações em mente e pude conversar com eles sobre o que priorizar em cada jogo. A música fala muito sobre a violência do mundo e a necessidade de um olhar atento ao que os mais velhos nos passam, esse é o primeiro ensinamento tanto da capoeira, quanto do Hip Hop e acredito que esteja presente em qualquer luta, arte e vertente espiritual.

 

VISH: O single integra o álbum “A Extinção da Espécie”. Qual a relação entre esse projeto maior e a mensagem de pluralidade e resistência presente em “Primeiro Critério”?

Gustavo Caliban: O álbum "A Extinção da Espécie" fala sobre uma sociedade que caminha rumo ao próprio extermínio, aborda também uma cena artística e social fadada a discursos vazios e relações rasas. O disco também aborda diversidade sonora e temática, com participações de muitos artistas de estilos distintos e singulares, o que, ao meu ver, conseguiu traduzir o que eu quis passar na concepção do álbum.

VISH: Como surgiu a ideia de reunir artistas de diferentes origens como Jef Rodriguez, da Bahia, e Trevor Gudkid, de Gana? O que você buscava com essa diversidade de vozes?

 Gustavo Caliban: São Gonçalo e Niterói são duas cidades vizinhas ao Rio de Janeiro que tem uma cena cultural muito forte e são lugares por onde transitei na minha caminhada artística desde sempre. O Trevor e o Jef, mesmo sendo de fora do Rio, moram nessa região e tem amigos em comum, acabou sendo natural a nossa aproximação. A ideia de fazer um trabalho com cada um deles sempre esteve no meu radar. Quando eu fiz a batida e escrevi a rima, já pensei que a música era a cara do Trevor e fiz o convite, ele fez a parte dele e casou muito, mas a faixa ainda estava em processo. Quando o Jef foi no meu estúdio, estávamos trocando ideia e mostrando nossos sons, quando eu dei play nessa faixa, já rolou uma identificação tanto artística, quanto da vontade de trabalhar com cada um de nós , então fluiu naturalmente. Foi muito rápido ele já encaixou uma melodia ótima pro refrão, que deu o arremate que faltava pro trabalho ser concluído, dali a gente lapidou junto, foi um processo de certo modo coletivo e natural.

VISH: Durante o processo criativo, houve algum momento marcante que mudou o rumo do projeto ou revelou uma nova camada do que você queria transmitir?

Gustavo Caliban: A gravação do clipe foi marcante, pois tínhamos a faixa e a vontade de filmar, mas ainda não estava com data marcada e nem estrutura pra isso. Aí o Trevor avisou que precisaria voltar pra Gana por tempo indeterminado, então a gente teve que correr pra garantir o material. Eu era produtor cultural na Batalha Marginow e já chamei os 2 pra se apresentarem lá no intuito da gente colher as imagens da parte do Trevor nesse dia. A gente já tinha pensado da parte dele ser com outras pessoas junto e alguns amigos foram lá só pra isso. Só que durante o show, o pessoal da roda gostou tanto que pediu pra participar também do clipe, então ficou uma tropa de peso, ainda demos sorte que o combinado era geral de preto e a galera já estava na paleta. Mas o interessante é que o Trevor foi embora e ficamos com o clipe parado por mais de 6 meses, porque eu queria muito poder proporcionar uma produção audiovisual coerente com o que a faixa pedia, então até conseguir dinheiro e logística pra realizar o restante, passou muito tempo. Isso também ajudou a dar a dinâmica do clipe em relação a progressão temporal, mesmo tendo gravado a última parte primeiro. No final das contas o resultado foi muito satisfatório para nós artistas e toda a equipe envolvida.