Afrodroid experimenta, renova e exala identidade com o álbum “CYBERMANO”


Dono de um conceito pouco explorado na cena, recebemos o artista Afrodroid, apresentando a entrega oficial de seu novo álbum. Usando o rap em seu mais nobre instinto de igualdade, recebemos o cantor explorando o rap experimental como ferramenta para discutir questões contemporâneas com a temática racial. Afrodroid nos traz um vislumbre sobre o afro-futuro em sua melhor forma. 

O projeto batizado “CYBERMANO”, teve início há aproximadamente 2 anos, dando vida ao material colaborativo com o produtor lucas kid. O álbum chega com uma forte identidade, entregando uma experiência visual completa para o público. Carregando sua preciosidade, o trampo  nos levando de encontro para uma história repleta de raiva e ao mesmo tempo com um teor cômico.


O álbum vem formado por onze faixas, recebendo produção e direção musical nas mãos de lucas kid, tendo gravação via Casa Amarela Records, com direção de voz guiada por Ariadine Gomes e Nicholas Emmanuel, recebendo mixagem e masterização pelas mãos de Roniere Santos RHR. O material chega de forma especial, trazendo as participações de Ari El, Dom Preto, Rubia Divino, Ricardo Farias (Cambaia) e Pedro Emílio

CYBERMANO já se encontra disponível nas principais plataformas de streaming. Confira o projeto na íntegra abaixo:


Ouça "CYBERMANO" no Spofity: 


A VI$H, teve o prazer de trocar uma ideia direta com o artista. Te trazendo mais detalhes de CYBERMANO. Flagre todo o papo abaixo: 

 VI$H: Primeiramente, como funcionou o processo de criação do álbum? 
Afrodroid: Foi um processo bem fluído e colaborativo. Me preocupei em deixar a criação não só com a minha cara, mas de todos que trabalharam no álbum. Desde o preciosismo com a parte visual, toda a estética que acompanha o álbum até a sonoridade dos elementos que usamos nos sons. Várias tracks, foram criadas juntas, enquanto o kid tava fazendo o beat nas máquinas eu tava do lado dele escrevendo e participando do processo de produção dos beats. Um de nossos principais intuitos foi criar realmente algo que não vimos na nossa região e talvez no nosso país. 


VI$H: Você lançou o álbum “CYBERMANO”. Qual a principal mensagem você deseja passar para quem está curtindo este trabalho? 
Afrodroid: Acredito que o entendimento de um conceito afrofuturista onde a tecnologia no fim, sempre voltará para as pessoas que detinham essa tecnologia no passado (no caso, pessoas pretas). De fato, por ser um trabalho político que aborda várias temáticas raciais, foi uma forma de manifestação
 
VI$H: Qual foram as principais inspirações e referências para a criação do álbum? 
Afrodroid: Eu curto muito o rap experimental. Desde artistas que fizeram isso quando era apenas um anseio esse tipo de experimentação. O MF Doom me inspirou bastante na minha concepção pessoal como artista, vejo o Tyler, the Creator como uma referência bem forte também no que tento fazer. Tem dois artistas que não saiam dos meus fones de ouvido enquanto estava compondo e produzindo o álbum, que é o JPEGMAFIA e o RMR, vejo esses dois artistas com uma identidade musical muito sólida
 
VI$H: Os instrumentos assinados por Lucas Kid ganham destaque. Nos conte como fluiu a produção musical do disco. 
lucas kid: Algumas músicas estavam prontas como instrumentais autorais, e quando o Afrodroid escutou ele já visualizou que era possível dele rimar em cima dos meus sons. O começo do processo então foi bem natural, ainda não tínhamos nada do projeto estruturado, fui apenas mandando meus sons e as faixas foram sendo formadas. Após algum tempo a gente se juntava para criar novos sons a partir daquilo que já tínhamos feito, aí conseguimos visualizar que tínhamos um álbum e podíamos soltar tudo como um único trabalho. Todo esse processo começou a 2 anos atrás até finalizar todas as faixas para serem distribuídas. 

Passamos alguns meses também descobrindo a sonoridade final das faixas, instrumental, vozes e a combinação dos dois. Nesse momento o Roniere RHR participa constantemente para chegarmos num ponto legal de mix e master, e finalizar da melhor forma tudo que havíamos criado. Nessa parte, muitas dúvidas surgiram sobre como iríamos entregar nosso som; sobre a reação do público, o mercado musical e para onde íamos direcionar nosso som. Esse tempo também foi de muito aprendizado e muito importante para o resultado final das músicas.
 
VI$H: O álbum possui participações pontuais. Como foi a escolha dos feats do projeto?
Afrodroid: Tem uma frase que o Emicida sempre diz que é algo assim: "Crie um cenário que sua vitória seja inevitável". 

Todas as participações do meu álbum, são artistas que já ouvia e que admirava MUITO o trabalho. Desde a musicalidade como o conteúdo que esses artistas levantam. Cada um de sua forma. 

O meu objetivo meio que sempre foi só fazer um registro de sons que me agradam, com gente preta daqui da minha região que sempre estiveram nos meus fones de ouvido.
 

VI$H: O que podemos esperar do Afrodroid daqui pra frente? Pode nos revelar algo? 
Afrodroid: Eu tenho trampado bastante já em vários lançamentos que virão ao mundo somente lá pra 2023 hahahaha. Estou muito animado do que posso proporcionar pra cena artística. 

Como próximos lançamentos, tem um documentário sobre o processo de criação do meu álbum, tem clipe inédito da faixa "BAKAYARŌ", Tem um EP colaborativo junto com meus manos da Banda Cambaia e tem EP solo sendo concebido também. Aguardem.
 
VI$H: Deixe um recado para o público que está conhecendo seu trabalho agora. 
Afrodroid: Tudo que fiz no meu álbum, sou eu despido de qualquer padrão seguindo apenas a minha intuição e o meu senso estético. Peço que ouçam e tenham sensibilidade para absorver composições, ironias e experimentações. Por que posso garantir que meus próximos projetos, não pretendo seguir o que fizemos até aqui