Beaterator: conheça o antigo jogo de produção musical da Rockstar Games com o Timbaland

A produtora nova iorquina de jogos, Rockstar Games, ficou conhecida por criar algumas das franquias mais famosas e bem sucedidas de todos os tempos, como o Grand Theft Auto, Bully, Midnight Club e Red Dead Redemption. A maior parte da reputação infame da empresa veio do caráter subversivo e memorável desses jogos, que sempre estiveram à frente do tempo em termos de gráficos, storylines, trilhas sonoras e detalhes. Dessa forma, quando a Rockstar decidiu se juntar com o lendário produtor Timbaland para desenvolver um projeto único e inovador, tudo pareceu se encaixar perfeitamente.

O resultado da parceria foi o "Beaterator", um jogo de produção musical que possibilita que o usuário faça seus próprios instrumentais de maneira lúdica e divertida. O game foi lançado em setembro de 2009 apenas para PSP, Playstation 3 e, em dezembro do mesmo ano, para versões antigas do iOS. "Beaterator" foi recebido com críticas positivas no formato PSP, porém o modelo para PS3 e celulares não foi considerado tão bom.

A interface do jogo, por mais que seja considerada fácil de usar em alguns momentos, lembra programas reais de fazer música, como o FL Studio e Ableton. Além disso, o jogo permite gravação de voz em cima dos instrumentais e, como se isso já não fosse o bastante para atrair fãs de música ao redor do mundo, os loops e ferramentas foram criados e selecionados pelo próprio Timbaland.


“Beaterator” se baseia nesses loops, que são pequenos trechos de uma batida que costumam se repetir para formar uma melodia, uma sequência de bateria ou basslines. Os beats podem ser salvos e compartilhados com amigos no Social Club, o sistema de nuvem e rede social da Rockstar. Também é possível importar arquivos WAV e MIDI, o que permite o uso de samples de outros lugares sem intervenções de direitos autorais.

O “Beaterator” possui três modos de jogo: Live Play, Studio Session e Song Crafter. O Live Play é um jeito mais fácil e simples de jogar, pois os loops de bass, snares, kicks e claps já vem prontos e não há muito o que fazer. No Studio Session, o jogador pode mover, retirar ou fazer cada loop disponível com mais liberdade criativa. Já no modelo Song Crafter, o usuário pode criar os próprios loops e possui uma variedade maior de opções de produção. 

Ao contrário de outros jogos musicais da época, como Guitar Hero e Rock Band, o “Beaterator” é, em muitos momentos, um verdadeiro software de produção portátil, onde é possível criar a música que quiser. Aliás, o jogo não tenta evitar termos técnicos ou limitar muito a experiência, mas disponibiliza legendas explicando em detalhes o que cada "botão” faz e o que cada opção significa, facilitando assim o acesso à produção musical sem constranger ou desanimar o usuário com informações exageradas. 


A respeito da proposta, Timbaland anunciou no próprio site da Rockstar Games que o “Beaterator” é um “estúdio de música poderoso e portátil que cabe no seu bolso e que ensina como as músicas são feitas”. Além disso, o artista também comentou, em uma entrevista à Billboard, que o “Beaterator” é um jogo, mas ao mesmo tempo é um software real de produzir música. 

Apesar de ser algo criado por uma das maiores empresas de jogos do mundo, ao lado de um dos artistas mais lendários da história da música, "Beaterator" não atingiu o sucesso comercial mundial que merecia. O jogo fez barulho entre adolescentes norte-americanos por volta de 2009 e 2010, porém em outros países, como no Brasil, a resposta foi muito rasa, devido a inacessibilidade econômica dos produtos da Playstation naquele período.


Outro possível motivo para isso é que, na época, se tornar produtor, mesmo que fosse por alguns minutos em um videogame, era considerado algo difícil ou até mesmo impossível. Ao contrário dos dias atuais, onde qualquer um com um notebook, um FL Studio crackeado e meia dúzia de tutoriais no Youtube, consegue fazer e publicar seus próprios beats, em 2009 as restrições tecnológicas e financeiras tornaram isso muito mais complicado de realizar.

Essa falta de reconhecimento não torna o jogo menos revolucionário ou influente. O que a Rockstar Games conseguiu fazer, com excelência,  foi descomplicar a experiência de criar músicas, e disponibilizar opções mais difíceis para aqueles que já entendem de programas de produção e modelos mais fáceis para os que só querem fazer um barulho maneiro sem compromisso.

Hoje em dia o jogo é uma raridade de encontrar, mas ainda está disponível para PSP e Playstation 3. Em 2014, os recursos de compartilhamento da Rockstar Games Social Club foram retirados, porém o resto permaneceu intacto e sem novas atualizações. Até o momento, não há possibilidade de uma remasterização ou alguma sequência, mas o jogo ainda é uma memória marcante de quando dois nomes potentes do entretenimento se uniram para tornar a produção musical um pouquinho mais acessível aos fãs.